Dietas vegetarianas e doenças crônicas
No post anterior eu te mostrei um infográfico com os 8 principais nutrientes de atenção nas dietas vegetarianas, de acordo com o novo posicionamento oficial da Academy of Nutrition and Dietetics.
Hoje eu apresento a segunda parte desse posicionamento, sobre algumas evidências científicas demonstrando que seguir uma alimentação baseada em vegetais pode prevenir ou mesmo tratar algumas doenças crônicas.
Vem comigo! E não deixe de ler meus comentários no final!
CONTROLE DO PESO CORPORAL:
As dietas à base de vegetais estão associadas com menor índice de massa corporal (IMC).
A utilização terapêutica da dieta vegetariana está associada com maior perda de peso em indivíduos com sobrepeso e obesidade, em comparação com outras estratégias onívoras com o mesmo propósito.
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES:
Vegetarianos têm 13% menos chance de desenvolver doenças cardiovasculares, 19% menos probabilidade de sofrer infarto, além de um risco 32% menor de hospitalização ou morte por doenças do coração.
Apresentam, ainda, menor prevalência de hipertensão arterial. Em média, a pressão arterial sistólica tende a ser 7 mmHg menor em vegetarianos, e a diastólica, em torno de 5 mmHg menor, em comparação com pessoas que seguem dietas onívoras.
Dietas vegetarianas melhoram diversos fatores de risco para doenças cardiovasculares, como gordura abdominal, pressão arterial, gorduras no sangue e glicemia. Também diminuem marcadores de inflamação (ex. proteína C reativa) e reduzem o estresse oxidativo, protegendo as artérias contra a formação de placas de gordura.
Veganos tendem a consumir mais fibras, menos gorduras totais e saturadas, e a apresentar níveis de colesterol mais adequados que onívoros.
Os níveis sanguíneos de colesterol total e LDL (colesterol ruim) melhoram em um curto período de tempo adotando-se uma dieta vegetariana, mesmo sem o uso de medicamentos.
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO DIABETES:
Ovolactovegetarianos e veganos apresentam uma probabilidade de desenvolver diabetes em torno de 38% e 62% menor, respectivamente, em comparação com pessoas que consomem carne regularmente.
Vegetarianos consomem uma grande variedade de leguminosas (feijões), que possuem baixo índice glicêmico, e podem oferecer benefícios para o diabetes, reduzindo a glicose pós-prandial após uma refeição até a refeição seguinte, conhecido como o efeito da segunda refeição.
Por outro lado, o consumo de carnes vermelhas e processadas é fortemente associado com aumento da glicemia e da insulina pós-prandial, e com o risco de diabetes. Estudam-se as possíveis causas para essa associação, com compostos presentes nas carnes, como ácidos graxos saturados, produtos de glicação avançada, nitratos, nitritos, óxido nítrico, ferro-heme, trimetilamina, aminoácidos de cadeia ramificada e disruptores hormonais.
BENEFÍCIOS CONTRA O CÂNCER:
A incidência de câncer em vegetarianos é 18% menor que em onívoros.
As dietas vegetarianas estão associadas com menor risco de cânceres em geral, e especialmente o de intestino, devido ao maior consumo de fibras.
As dietas veganas conferem, ainda, 38% menos risco de desenvolver câncer de próstata, em comparação com dietas onívoras.
Dietas vegetarianas são ricas em fitoquímicos presentes nas frutas, hortaliças, especiarias e grãos integrais, que agem em inúmeros processos celulares envolvendo a progressão do câncer. Alguns exemplos desses fitoquímicos são: sulforafanos, ácido ferúlico, genisteína, indol-3-carbinol, curcumina, catequinas, dialil sulfito, resveratrol, licopeno e quercetina.
DOIS LADOS NA OSTEOPOROSE:
Dietas vegetarianas são ricas em nutrientes que promovem a saúde óssea, como magnésio, potássio, vitamina K, vitamina C, além de apresentarem uma carga ácida baixa, reduzindo a perda óssea.
Contudo, se não forem balanceadas, podem comprometer a saúde dos ossos por deficiência de cálcio, vitamina B12, vitamina D e proteínas.
Veganos que consomem menos de 525 mg de cálcio diariamente apresentam 30% mais risco de fraturas ósseas que onívoros e ovolactovegetarianos. Atingindo-se essa quantidade, no entanto, os riscos de fraturas ósseas entre veganos, vegetarianos e onívoros são semelhantes.
Por isso, vale sempre ressaltar que a alimentação vegetariana deve ser orientada por um profissional especializado (eu!), para prevenir deficiências nutricionais e conseguir aproveitar todos os benefícios à saúde que esta escolha pode oferecer.
E como vimos, os benefícios são muitos! A grande maioria dos estudos têm caminhado para esta direção, não apenas sob o ponto de vista da saúde, mas também sob outros aspectos, como os relacionados aos impactos ambientaisque o consumo excessivo de alimentos de origem animal pode acarretar.
Minha dissertação do mestrado, defendida em setembro desse ano, demonstrou que padrões alimentares centrados nas carnes impactam os recursos hídricos 3 vezes mais que padrões baseados em alimentos de origem vegetal. Veja aqui.
NOVOS RUMOS…
E aproveitando que estamos próximos das festas de final de ano e das famosas metas para o ano seguinte, acho que o e-mail de hoje pode oferecer argumentos positivos pra ajudar a refletir em quanto poderia te fazer bem aumentar o consumo de alimentos de origem vegetal e dar menos importância para os produtos animais em 2017.
A começar pela ceia de natal, de repente…
Aqui tem uma lista enorme de sugestões de receitas veganas para o Natal e o Ano Novo.
E para os vegetarianos e veganos convictos… relembro aqui aquela minha newsletter falando da importância do afeto! Lembre-se de que o momento pede paz, pede harmonia, pede amor. Nada de sair brigando com todo mundo que está comendo o peru de natal!!!
Leve lá sua travessona de comida vegana, (com)partilhe com os seus queridos e mostre de forma amorosa que a alimentação vegana pode ser incrível, criativa, saborosa e inclusiva!
Foto e receita por: Fru Fruta lekarna-slovenija.com
Boas festas com afeto!
Até breve! Seguimos!
Natália Utikava
Nutricionista
CRN/SP 40.387
P.S.: Esse conteúdo é meramente informativo e não substitui o atendimento nutricional individualizado. Dependendo da fase da vida, ou de alguma condição clínica particular são necessários alguns ajustes, e mesmo suplementação, que somente um profissional especializado poderá orientar. Se você deseja adequar sua alimentação conforme sua rotina, fase da vida e necessidades, entre em contato para agendar uma consulta.