Adorável tofu

A primeira vez que eu comi tofu não foi muito agradável. Foi numa salada de folhas, e o tofu estava lá, como veio ao mundo, puro, sem tempero, ingenuamente aspirando ser um queijo minas à base de soja. Aquela consistência estranha, e o sabor de nada me causaram aversão. Não comprei mais. Já me bastava na época a briga com o sabor de papelão da proteína de soja, que eu também não sabia preparar.

Até que um belo dia, no extinto Vegethus da Haddock Lobo, ele estava ali, disposto em fatias triangulares que me chamaram atenção. Era um tofu marinado no vinho tinto. Resolvi dar uma chance. Que alegria! Fizemos as pazes. E desde então eu aprendi que comer tofu puro não funciona. Mesmo os orientais mergulham os cubinhos puros em molhos condimentados para equilibrar os sabores.


ESCOLHENDO O TOFU CERTO:
Desde então tenho acumulado algumas experiências culinárias com o tofu. Confesso que nunca fiz o tofu propriamente, fermentando os grãos de soja. E aqui começa a primeira questão importante. Hoje, grande parte da nossa soja é modificada geneticamente. Não é uma tarefa fácil encontrar grãos de soja nos mercados, com a informação clara de que são oriundos de produção não-transgênica. [Para aprofundar sobre os riscos associados aos alimentos transgênicos sugiro clicar aqui.]

Mas tofu sim. Tem se tornado muito fácil, pelo menos em São Paulo, encontrar empresas familiares com produção de tofu não-transgênico, com essa informação explícita na embalagem. Melhor do que isso, cada vez mais encontramos tofu orgânico com preços acessíveis. Por isso, a primeira recomendação para preparar um bom tofu começa na escolha do produto. Leia sempre o rótulo. E, na dúvida, se não estiver escrito, não compre. Prefira o orgânico (com selo de orgânico), pois assim terá a garantia de que será um produto de muito boa procedência e qualidade.


TOFU É MELHOR QUE SOJA EM GRÃO E PROTEÍNA DE SOJA:
O tofu (e o primo tempeh) são os melhores produtos à base de soja que devemos consumir. Isso porque os grãos e a proteína de soja contêm um tipo de carboidrato de difícil digestão pelas nossas enzimas intestinais, que termina fermentando com a ação das bactérias da nossa microflora, frequentemente provocando gases e desconfortos abdominais. O processamento da soja para produzir o tofu, utilizando-se a técnica da fermentação reduz o teor desses carboidratos, facilitando muito sua digestão e favorecendo a assimilação dos nutrientes.

Vale lembrar que os produtos à base de soja, como o tofu, contêm mais proteínas do que qualquer outro alimento de origem vegetal. Ele é considerado um alimento fonte de proteínas, porque contém cerca de 18%da Ingestão Diária Recomendada desse nutriente pela ANVISA, em 100 g. Em outras palavras, essa quantidade fornece quase um quinto do que precisamos diariamente (com base em uma dieta de 2.000 kcal, mas esses valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas). Não somente em termos quantitativos, mas a qualidade das proteínas do tofu é muito similar à das proteínas de origem animal, mensuradas por um conceito chamado digestibilidade.

Assim como as outras leguminosas (feijões, lentilhas, ervilhas e grão-de-bico), os produtos à base de soja apresentam quantidades importantes de ferro. No caso do tofu, 100 g possuem 1,61 mg de ferro, comparável à carne bovina cozida, que na mesma porção oferece 1,78 mg de ferro (dados da USDA aqui e aqui).

Vale destacar que, apesar do teor ser muito parecido, o ferro dos alimentos de origem vegetal é do tipo não-heme, a apresenta menor absorção do que o tipo heme, da carne. Por isso, relembro aqui que a ingestão de frutas e hortaliças ricas em vitamina C na mesma refeição pode dobrar e até triplicar a absorção de ferro https://impotenzastop.it/kamagra/.

O tofu costuma ser produzido utilizando-se coagulantes à base de cálcio e magnésio, o que pode aumentar um pouco o conteúdo desses dois minerais em sua composição, sendo interessante para as pessoas que não consomem leite e derivados.


O SEGREDO DO SABOR ESTÁ NO PRÉ-PREPARO:
O tofu é mesmo sem graça. Mas existem algumas técnicas para adicionar sabor à iguaria. Uma delas é uma constatação minha: eu sempre uso a versão firme, mesmo que eu vá preparar receitas cremosas ou líquidas, como patês, maioneses, shakes e massas. Basta utilizar um mixer ou processador de alimentos para ter um creme consistente e cremoso.

E SEMPRE, SEMPRE, SEMPRE, pressione-o com um papel toalha ou pano limpo para extrair toda a água em que ele veio. Se você não fizer isso, te garanto que terá qualquer prato aguado! Tem gente que recomenda até pré-assar ele primeiro para secar realmente toda a água, mas eu acho que não tem tanta necessidade.

Tempere muito! Abuse de ervas frescas e especiarias secas, de temperos como alho, cebola e gengibre. Utilize limão, vinagre de arroz ou maçã e/ou vinagre balsâmico para aumentar a acidez, que faz a gente salivar e aumentam o sabor. E, sempre que possível, marine! Marine com vinho, saquê ou mesmo só vinagre, todos de boa qualidade e procedência. Só não vale usar tempero pronto de saquinho ou cubinho, ok? E mesmo o shoyu requer uma atenção especial, ta


SEM MAIS BLA-BLA-BLA DE NUTRIÇÃO!
Agora que eu já te falei tudo sobre esse adorável tofu, que tal uma receitinha para o final de semana? Essa é do meu “acervo pessoal”, ou, pra ficar menos metido, é uma das que eu sempre faço em casa!

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Conte pra mim o que achou!

Até breve! Seguimos!

Natália Utikava
Nutricionista
CRN/SP 40.387

P.S.: Esse post é meramente informativo e não substitui o atendimento nutricional individualizado. Dependendo da fase da vida, ou de alguma condição clínica particular são necessários alguns ajustes, e mesmo suplementação, que somente um profissional especializado poderá orientar. Se você deseja adequar sua alimentação conforme sua rotina, fase da vida e necessidades, entre em contato para agendar uma consulta.